Enquanto
parte dos brasileiros incorporou mais frutas e hortaliças à dieta e tem se
exercitado mais, outra parcela da população está ficando mais obesa.
De acordo
com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada hoje (24) pelo
Ministério da Saúde, a taxa de obesidade no país passou de 11,8% para 19,8%,
entre 2006 e 2018.
Foram
ouvidas, por telefone, 52.395 pessoas maiores de 18 anos de idade, entre
fevereiro e dezembro de 2018. A amostragem abrange as 26 capitais do país, mais
o Distrito Federal.
Para o
secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, apesar de ter havido
melhora no cardápio, o brasileiro ainda compra muitos itens calóricos e sem
tanto valor nutricional. "Temos ainda um aumento maior de obesidade porque
ainda há consumo muito elevado de alimentos ultraprocessados, com alto teor de
gordura e açúcar." Segundo ele, o excesso de peso é observado sobretudo
entre pessoas de 55 e 64 anos e com menos escolaridade.
O estudo
mostra que, no período, houve alta do índice de obesidade em duas faixas
etárias: pessoas com idade que variam de 25 a 34 anos e de 35 a 44 anos. Nesses
grupos, o indicador subiu, respectivamente, 84,2% e 81,1% ante 67,8% de aumento
na população em geral.
A capital
com o menor índice de obesidade foi São Luís, com 15,7%. Na outra ponta, está Manaus,
com 23% de prevalência.
O
ministério destacou que, no ano passado, ocorreu uma inversão quanto ao recorte
de gênero. Diferentemente do padrão verificado até então, identificou-se um
nível maior de obesidade entre as mulheres. A percentagem foi de 20,7% contra
18,7% dos homens.
Além de
conferir a prevalência de obesidade, a Vigitel reúne dados sobre o excesso de
peso. Os pesquisadores concluíram que mais da metade da população brasileira
(55,7%) se encontra nessa condição, índice que resultou de um crescimento de
30,8%, acumulado ao longo dos 13 anos de análise. Em 2006, a proporção de
brasileiros com excesso de peso era de 42,6%.
Nesse
quesito, o grupo populacional com predominância é o de pessoas mais jovens, com
idade entre 18 e 24 anos. As mulheres apresentaram um crescimento mais
significativo do que os homens. O delas aumentou 40%, ao passo que o deles
subiu 21,7%.
Mudança de
hábitos
A pesquisa
também constatou que os brasileiros têm seguido uma linha de hábitos mais
saudável. O consumo regular de frutas e hortaliças, por exemplo, passou de 20%
para 23,1%, entre 2008 e 2018, uma variação de 15,5%.
A
recomendação é da ingestão de, no mínimo, cinco porções diárias desses
alimentos, cinco vezes por semana, segundo parâmetros da Organização Mundial da
Saúde (OMS).
Com base
nessa referência, a Vigitel considera que as mulheres têm se alimentado melhor,
já que 27,2% delas mantêm o consumo recomendado. Entre homens, a taxa é de
18,4% e, entre brasileiros, de 23,1%.
Mexendo o
corpo
Outro
registro positivo diz respeito à prática de atividades físicas no tempo livre.
A taxa subiu 25,7%, na comparação de 2009 com 2018. O salto foi de 30,3% para
38,1%.
A dedicação
a uma rotina de exercícios que dure ao menos 150 minutos semanais, é algo mais
comum entre homens (45,4%) do que mulheres (31,8%). Adultos com idade entre 35
e 44 anos geraram o aumento mais expressivo na última década, de 40,6%.
A taxa
global de inatividade física sofreu queda de 13,8% em relação a 2009. O
percentual de inatividades das mulheres é de 14,2% e o dos homens, ligeiramente
inferior, de 13%.
Ao mesmo
tempo em que muitos deixam o sedentarismo, um número maior de pessoas também
afasta da mesa refrigerantes e bebidas açucaradas. Ao todo, de 2007 a 2018, o
índice de consumo desses produtos caiu 53,4% entre adultos das capitais.
Em material
distribuído à imprensa, o ministério ressalta que uma das medidas do governo
federal para promoção de uma alimentação adequada é um acordo fechado com
representantes da indústria alimentícia, que se comprometeram a reduzir a
quantidade de açúcar em produtos.
Segundo a
pasta, o acordo, feito em novembro de 2018, deve atingir mais da metade das
bebidas adoçadas, biscoitos, bolos, misturas para bolos, produtos lácteos e
achocolatados que chegam às prateleiras dos mercados.
A previsão
é de que 144 mil toneladas de açúcar deixem de ser usadas nos produtos até
2022.
Diabetes
No
documento, o ministério ressalta que nos últimos anos os entrevistados da
pesquisa Vigitel têm demonstrado um conhecimento mais amplo sobre saúde,o que
facilita a descoberta de doenças como diabetes.
Na
avaliação da pasta, outro fator que tem contribuído para os diagnósticos é o
acesso às Unidades Básicas de Saúde (UBS), na Atenção Primária. De 2006 para
2018, houve um aumento de 40% no volume de pessoas diagnosticadas com a doença.
O balanço
mais recente, feito no ano passado, contabilizou 7,7% da população adulta
brasileira com o quadro de diabetes confirmado, proporção que era de 5,5% em
2006. As mulheres têm um percentual maior de diagnóstico: 8,1%. O índice dos
homens é de 7,1%.
Segundo o
ministério, no intervalo de 2008 a 2018, o acesso a medicamentos para diabetes
aumentou em mais de 1.000%. No ano passado, foram distribuidos 3,2 bilhões de
medicamentos a 7,2 milhões de pacientes. Em 2008, o quantitativo foi de 274
milhões de unidades entregues a 1,2 milhão de pacientes.
Atualmente,
o SUS [Sistema Único de Saúde] oferta de forma gratuita o tratamento
medicamentoso para a doença, entre eles, cloridrato de metformina,
glibenclamida e insulinas NPH e regular. Em 2018, a pasta investiu R$ 726 milhões
na aquisição dos medicamentos.
*Edição:
Maria Claudia
*Fonte:
Agência Brasil
*Foto: Wilson
Dias/Agência Brasil
* Por Letycia Bond - Repórter da
Agência Brasil